sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Lenha

Hoje eu senti raiva.

Senti raiva de todos que têm um pai presente. Senti raiva de quem consegue nota boa sem estudar nada.
Senti raiva de quem tem mãe pra pagar um curso bom, enquanto eu tenho que me matar de trabalhar.
Raiva de quem vai beber hoje, raiva de quem tem um corpo legal sem precisar fazer nada, raiva raiva e raiva.
Raiva de quem namora. Raiva de quem TRAI. Raiva de quem caga pros outros e ainda tem todo mundo aos pés.
Raiva de quem não confia em mim.
Senti raiva da solidão, que é tão minha amiga. Raiva de mim por ter sempre feito tudo pros outros.
Fiquei com raiva dos outros por isso também.
Me bateu uma raiva também do Pelé. Não sei porque.
Senti também muita raiva daquelas garotas que não conseguem largar um cafajeste.
Raiva de um amigo filho da puta que pegou minha namorada, e ainda se achava certo por isso!
Ah, enfim, fiquei com raiva do nada.

Isso é bom? Eu tava tão em paz.

Acho que é natural. Tantos fatores fazem você explodir as vezes.
Somos fluidos sob pressão.
Pra mim, isso tudo é lenha. Mais lenha pra jogar no fogo.
E esse fogo é o que mantém a máquina ativa. Por isso você não deve se jogar nele.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

O bem que deixou de ser feito

Admitir a derrota é vê-la sem mais tremer as pernas.

Sabe o que dizem sobre o universo conspirar a seu favor? O lance é que sem suas ações, não se constrói o universo desejado.

Física teórica. Existe uma história do universo conhecido, paralela ao nosso, onde eu fui falar com ela e pedi desculpas para parecer superior. Onde mostrei minha sensibilidade assumindo que fui arrogante, e aí ela se rendeu, e também pediu desculpas, e ficou ali me olhando com aqueles olhos fechadinhos, esperando eu fazer algo. Em uma outra história do universo, nada disso aconteceu e ela riu de mim. 

Milhões e milhões de histórias possíveis assassinadas pela minha covardia. 


Quer saber de uma coisa? Dizer a si mesmo que no fim das contas vocês não tinham "nada a ver mesmo" não tira a sua responsabilidade de construtor da sua própria história.

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Tenho uma grande arte

''Eu poderia correr mil maratonas agora. Eu descobri o segredo da imortalidade: Propósito. Meu cadáver ainda respirará dentro do caixão, e em outros pulmões eu viverei.''

2009
Sabe, de certa forma, ela tem razão. Faz sentido. Um bagulho não sai bem feito quando é feito de qualquer forma, por qualquer motivo. Tudo, tudo mesmo, onde você deposita a sua alma e dá um sentido praquilo, sai melhor, infinitamente melhor. Sejam objetivos, conversas importantes, uma tentativa significativa na sua vida, até mesmo canções, tão simples, né?
Eu só queria entender sobre a fragilidade das coisas. Sabe, algo tão importante e significativo pode ceder à um mínimo erro, quase imperceptível. Vale a pena? Valeu a pena? É algo próprio, não alheio. É o sentido das coisas. O sentido daquele bagulho pra você, a importância dele. O que aquilo vai ser ou significar amanhã não importa na hora. No momento, nada é mais importante que o momento.

Até que ele acaba, e você percebe que o momento nunca foi tão importante assim.

Mas você fez ele importante, então ele é.


2008


sábado, 1 de junho de 2013

Oração à Forrest Gump

Corre.
Não interessa quantas pessoas estão olhando. Só corre.
A música pára, a bateria acaba. Seu estímulo já era.
Alguém na platéia torce por um tropeço. As panturrilhas gritam por descanso.
Aquela pessoa que esteve ao seu lado não mais grita seu nome.
Mas corre.
Um dia, tudo melhora.
As bolhas no pé vão sarar, as cinzas voltarão a ser carne,
E alçar vôo será inevitável.
Mas até lá, continue correndo.
Até desmaiar,
até virar pó,
mas corre.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Sono


Todas essas pessoas indo e vindo me dão sono.
Me fazem lembrar que o meu ódio já tem donos. .
Mas nao me lembro de nenhum lugar que geralmente me dá sono
E eu me esqueco, assim que me entorpeço e durmo. 
Lembro de coisas que nunca mereceram minha atenção.
Não me incomodo mais se sou assunto ou não.
Mas e se eu pudesse voltar a ser?
Me dá sono, e eu durmo.
E não espero acordar, pois ninguém nunca acordou.
Mas todos pensam que são livres assim como eu sou.

Todo esse cansaço não me deixa dormir.
Mas toda vez que eu sinto essa raiva me consumir,
quando eu me lembro que nesse jogo eu já perdi,
me dá sono, e eu durmo.


Arrumar seus entulhos de vez em quando faz bem. Você se livra de muita coisa que devia ter se livrado faz tempo, e descobre coisas maravilhosas que foram escritas, e não acredita no que vê, pois a maioria das coisas não seriam escritas novamente, pelas mesmas pessoas...
O tempo devora as coisas. Escrevi Sono no dia 25/08/2010. Aliás, hoje eu revi muita coisa que não acreditei que eu mesmo havia escrito.