segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Fragmentos e fragrâncias

Engraçado como você ouve uma música e percebe que tá tudo conectado. A vida, um amontoado de cabos, e matrizes e vidas alheias, pensamentos, idéias, trabalhos, rotinas, coincidências e experiências, e desencontros, perfumes, raiva, mágoa e mais um monte de coisa que não tem relevância nenhuma até chegar um certo momento, ou até você conhecer certa pessoa ou ver certo filme.

Um monte de nós, nós numa rede de pescar. Nós, nós que somos os nós. O universo inteiro numa casca de noz. É tanta coisa. É tanto detalhe.

É estranho, tipo, num domingo chuvoso você vai à farmácia comprar um remédio pra dor de cabeça da ressaca e de repente BLAM. Aquele cheiro na ala dos desodorantes. Mil memórias tocam o tambor. E aí você associa mil momentos naquela farmácia, ou em outra. Quando você comprou aquela camisinha tal que seu amigo disse que era boa. Ou aquela pilula que ia dar um jeito no teu vacilo. Ou aquela pessoa sorrindo porque você fez alguma piada sobre absorventes. Eu lembro quando eu trabalhava indo em bancos e as vezes eu ficava com fome, e passava na farmácia pra comprar aquelas pastilhas Valda com uns trocados que eu tinha no bolso pra disfarçar o mal hálito. Quem não tinha sonhos nessa época?

Mas tá tudo ainda lá, tudo conectado. Você conhece pessoas, as pessoas conhecem pessoas, se interagem, vão mudando, vão remudando. Vão indo e vindo. Você lembra daquele carnaval que parece que foi ontem e procura aquela foto que tá todo mundo que você amava, que, bêbados, naquele mesmo dia, juraram que nunca iam se separar. Alguns da foto você já nem fala mais. Outros já foram e voltaram. E outros só foram. Mas vendo pelo lado bom, muitos também chegaram! E muitos chegarão. E junto deles, mais experiências como carnavais, farmácias, noitadas, conversas jogadas fora, macarrão grudento com carteado e futebol americano na madrugada...

... e, é claro, junto disso, muitos e muitos novos cheiros, pra você se lembrar sempre que um desconhecido estiver usando aquele perfume na fila do banco, ou você passar pela farmácia e sentir por acaso o cheiro daquele desodorante que você usou pra sair com seus amigos naquela noite que você se deu bem e pegou aquela gostosa.

Já percebeu que tá tudo conectado?

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